sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Metodologia, o Conhecimento e a Ação




Podemos observar através da evolução do conhecimento, que a filosofia e as ciências estão concatenadas na tentativa de se explicar as coisas, os fatos e a própria cientificidade do objeto de estudo e do conhecimento deste estudo provocada pela incessante curiosidade do homem e as necessidades do meio em que se situa. Assim, de acordo com Carvalho (2008) a Filosofia é, antes de tudo, metafísica, porquanto sua questão fundamental é a do sentido do ser, mas talvez seja, antes que Metafísica, uma Teoria do Conhecimento, uma Epistemologia e Metodologia, porque qualquer questão filosófica implica necessariamente na abordagem concomitante (ou até prévia) do problema da verdade, conseqüentemente, na análise do conhecimento, da ciência e do método na perspectiva do sentido último (ou primeiro).

É neste caminhar filosófico e científico que nos deparamos como as idéias de Popper (2009, p.40) "A Experiência como Método" onde formular uma definição aceitável de "ciência empírica" é a tarefa que encerra dificuldades. Algumas dessas dificuldades decorrem do fato de que devem existir muitos sistemas teóricos cuja estrutura lógica é similar à estrutura lógica do sistema aceito, em particular instante da História, com o sistema de ciência empírica. Esse fato é descrito, algumas vezes, afirmando-se que há grande número - presumivelmente infinito - de "mundos logicamente possíveis". Entretanto, o sistema que se denomina "ciência empírica" pretende representar apenas um mundo: o "mundo real", ou o "mundo de nossa experiência".

Vemos nesta colocação de Popper, uma coadunação com a linha de pesquisa proposta, pois demonstra a necessidade de experiência do Pesquisador com aquilo que se propõe a pesquisar, ainda complementa que a "experiência, neste caso apresenta-se como um método peculiar por via do qual é possível distinguir um sistema teórico de outros; assim a ciência empírica parece caracterizar-se não apenas por sua forma lógica, mas, além disso, por seu método peculiar. [...] a teórica do conhecimento, cujo objetivo é analise do método ou processo próprio da ciência empírica, pode, nesses termos, ser descrita como uma teoria do método empírico - uma teoria daquilo que usualmente é chamado de "experiência" (POPPER 2009, p.41).

Entretanto, essa natureza ambígua da metodologia, com um pé na Filosofia (Teoria do Conhecimento) e outro na técnica rigorosa e sistemática da captação de dados da forma mais objetiva e eficaz não chega a ser uma desvantagem, e muito pelo contrário. Se o pesquisador compreende essa natureza ambígua, torna-se capaz de impor ao seu projeto de pesquisa e à sua execução, uma coerência interna extremamente vantajosa e uma consistência externa tão valiosa quanto à própria avaliação de verdade científica para seus resultados. Temos aqui um aparente conflito com o recente e debaldado esforço científico de constituição de uma metodologia que, superando o finalismo da filosofia e o imobilismo do conhecimento empírico comum, se firme como politicamente neutra e livre da ideologia (CARVALHO, 2008). Neste contexto, é que se insere a proposta deste projeto de pesquisa, pois, respalda a posição da cientificidade da pesquisa, segundo Mckay e Marshall (2001, apud MIRANDA 2003) a Pesquisa-Ação “está comprometida com a produção de novo conhecimento através da procura de solução ou melhoramentos de problemas práticos da vida real”.






Problemas da "Base Empírica"

Contudo, Popper (2009, p.45) questiona o problema da "Base Empírica" quanto aos enunciados singulares gerados pelos pesquisadores, ou seja, os problemas concernentes ao caráter empírico dos enunciados singulares e à maneira de submetê-los a prova - desempenham, assim, dentro da lógica da ciência, um papel que difere, até certo ponto, do que é desempenhado pela maioria dos outros problemas que nos preocuparão. Pois a maioria desses últimos mantém relação estreita para com a prática da pesquisa, enquanto a questão da base empírica pertence, de maneira quase que exclusiva, à teoria do conhecimento. Assim, não podemos nos afastar desta questão, ao se analisar as formas de Ação (intervenção) e os métodos utilizados na pesquisa-Ação, pois, além da experiência do pesquisador, haverá a uma exposição das experiências dos sujeitos pesquisados, objeto da pesquisa. Então, de acordo com Carvalho(2008), quando observamos o imbricamento político do mundo do conhecimento científico, da ciência pretensamente neutra e das metodologias como comprometimentos
ideológicos estabelecidos em paradigmas conflitantes, é forçoso concluir que a Filosofia é, também, antes de tudo, uma Ética, uma Filosofia Política, uma Filosofia da Educação, do Direito, da Religião, da Arte...

O fato é que, em toda forma de interpretação da realidade que o homem produziu
ao longo de sua história, vemos o conhecimento como dilema representado pelo abismo que é correlação entre o sujeito cognoscente e o objeto cognoscível, entre a mente e as coisas, o que nos leva a refletir se ser e saber não serão aspectos do mesmo problema (CARVALHO, 2008). Neste sentido, vemos a questão da objetividade científica colocada por Popper em relação à pesquisa e o conhecimento advindo do resultado da ação de forma empírica como base estrutural da pesquisa-ação na qual há interação com os saberes, experiências vivenciadas pelos sujeitos envolvidos na pesquisa. Em consonância com esta exposição, Thiollent (2008, p. 18) diz que: é necessário definir com precisão, de um lado, qual é a ção, quais são os seus agentes, seus objetivos e obstáculos e, por outro lado, qual é a exigência de conhecimento a ser produzido em função dos problemas encontrados na ação ou entre os atores da situação.



Objetividade Científica e Convicção Subjetiva

De acordo com Popper (2009, p. 46) as palavras "objetivo" e "subjetivo" são termos filosóficos pesadamente onerados por uma tradição de usos contraditórios e de discussões intermináveis e inconcludentes. Assim, o uso que faço dos termos "objetivo" e "subjetivo" não difere do de Kant (apud POPPER 2009, p.46). Ele usa a palavra "objetivo" para identificar que o conhecimento científico deve ser justificável, independentemente de capricho pessoal; uma justificação será "objetiva" se puder, em princípio, ser submetida à prova e compreendida por todos. "Se algo for válido", escreve Kant(apud POPPER 2009, p.46)"para todos os que estejam na posse da razão, seus fundamentos serão objetivos e suficientes". Ora, eu sustento que as teorias científicas nunca são inteiramente justificáveis ou verificáveis, mas que, não obstante, são suscetíveis de se verem submetidas à prova (POPPER 2009, p.46).
Popper é considerado um dos maiores combatentes ao indutivismo na pesquisa, porém não desacredita no empirismo como base metodológica, pois afirma ser este campo voltado à teoria do conhecimento. Mesmo assim, ainda afirma que foi Kant, talvez o primeiro a reconhecer que a objetividade dos enunciados científicos está estreitamente relacionados com a elaboração de teorias - como hipóteses e de enunciados universais (POPER 2009, p. 47).




Filosofia, a Ideologia e a Metodologia

Voltamos a nos apoiar no trabalho de Carvalho (2008) onde nos dá uma visão de que a base do conhecimento científico está irraigado na filosofia e na metodologia definida para base da pesquisa. A Filosofia, pela etimologia, é amor ao conhecimento, e como amor, seu único compromisso pré-determinado é com o objeto amado. A Metodologia, já na etimologia da palavra, formada dos vocábulos gregos meta e odos, resultando caminho para, se apresenta sua natureza ideológica, com a simples eleição do método predeterminando resultados. Exatamente por isso é impraticável, em se tratando de metodologia, a separação absoluta entre Filosofia e ciência-técnica do método (ou dos métodos).

No entanto, temos a questão da ideologia em relação à pesquisa ou aos resultados dela, Carvalho (2008) nos dá uma indicação onde informa que o problema é que a ideologia não é apenas a doutrina e sua imposição sub-reptícia toda uma sociedade. É bem pior, é uma fôrma (modeladora) do pensamento, não só coletivo, mas também do individual e até do mais íntimo da consciência humana. É a proto forma do imaginário, não apenas do cidadão comum em uma sociedade, mas também da própria sociedade, e por via de conseqüência, do cientista e do filósofo, ainda que estes sejam profissionais do pensar sistemático que têm no método a na crítica a sua própria definição.

Nesta linha de pensamento, Lima (2009)diz que: a abordagem metodológica Pesquisa-Ação aplicada à pesquisa em Ciência da Informação pode representar uma interessante combinação: de um lado, resultados práticos alcançados pela resolução inovadora de um problema, e, do outro, a contribuição para ciência em termos de resultados de pesquisa que já foram aplicadas e testados no mundo real (In: MUELER 2007, P.63). Minayo (2007, p. 61) corrobora quando diz que o trabalho de campo permite a aproximação do pesquisador da realidade sobre a qual formulou uma pergunta, mas também estabelecer uma interação com os “atores” que confrontam a realidade e, assim, constrói um conhecimento empírico importantíssimo para quem faz pesquisa social.

Assim, de acordo com Miranda (2003, p. 65-66) na sociedade da informação, a comunicação e a informação tendem a permear as atividades e os processos de decisão nas diferentes esferas da sociedade, incluindo a superestrutura política, os governos federal, estaduais e municipais, a cultura, as artes, a ciência e a tecnologia, a educação em todas as suas instâncias, a saúde, a indústria, as finanças, o comércio a agricultura, a proteção ao meio ambiente, as associações comunitárias, as sociedades profissionais, sindicatos, as manifestações populares, as minorias, as religiões, os esportes, lazer, hobbyes etc. Essa abrangência das possibilidades de benefícios advindos dos estudos de "Objetivo" - objetivo nesta linha se coaduna com Kant e Popper - da ciência da Informação se justifica nesta linha metodológica da pesquisa. Pois, A sociedade da informação passa progressivamente a funcionar em rede (MIRANDA, 2003. P.66). Ainda conclui que o fenômeno que melhor caracterize esse novo funcionamento em rede é a convergência progressiva que ocorre entre produtores, intermediários e usuários em torno a recursos, produtos e serviços de informações afins.





REFERÊNCIAS

CARVALHO, João Wilson Savino. Da Teoria do Conhecimento à Metodologia Científica: dilemas contemporâneos da pesquisa social. PRACS: Revista de Humanidades do Curso de Ciências Sociais UNIFAP. N. 1 dez 2008

LIMA, João Alberto de Oliveira. Pesquisa-Ação em Ciência da Informação. In: MUELLER, Suzana P. M. et al. MÉTOS PARA A PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO. Brasília: Thersaurus, 2007.

MINAYO, Maria Cecília de S. et al. PESQUISA SOCIAL: Teoria, método e criatividade, 26 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2007.

MIRANDA, Antônio. CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: Teoria e Metodologia de uma Área em Expansão. Brasília: Thesaurus, 2003.

POPPER, Karl. A LÓGICA DA PESQUISA CIÊNTÍFICA. 20 ed. São Paulo: Cultrix, 2009.

THIOLLENT, Michel. METODOLOGIA DA PESQUISA-AÇÃO. 16 ed.São Paulo: Cortez, 2008.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Objetivos da Pesquisa-Ação para a ciência e pesquisador




De acordo com um artigo de Roberto Jarry Richardson "COMO FAZER PESQUISA-AÇÃO?", podemos demonstrar os objetivos da pesquisa-ação a nível de pesquisa científica e de inserção do pesquisador na comunidade ou no objeto da pesquisa conforme descrito abaixo:

Para Kemmis e McTaggart(1988), fazer pesquisa-ação significa planejar, observar, agir e refletir de maneira mais consciente, mais sistemática e mais rigorosa o que fazemos na nossa experiência diária.

Em geral, duas idéias definem um bom trabalho de pesquisa:

- que se possa reivindicar que a metodologia utilizada esta adequada à situação, e

- que se possa garantir de certa forma um acréscimo no conhecimento que existe sobre o assunto tratado.

Isso pode ser um bom ponto de partida para uma pesquisa-ação.

Tal como o nome implica, a pesquisa-ação visa produzir mudanças (ação) e compreensão (pesquisa). A consideração dessas duas dimensões, mudanças e compreensão, podem dar uma importante contribuição na elaboração do projeto de pesquisa. Assim, as possibilidades de uso são muito grandes, desde um professor em uma pequena escola numa região afastada dos centros urbanos, até um estudo sofisticado de mudança organizacional com uma grande equipe de pesquisadores financiado por importantes organizações. Cohen e Manion (1990), apontam três possibilidades: o professor individual que trabalha em uma sala de aula para produzir determinadas mudanças ou melhorias no processo de ensino-aprendizagem; a pesquisa feita por um grupo que trabalha solidariamente, assessorados ou não por um pesquisador externo e, em último lugar, um professor ou professores que trabalham com um pesquisador ou uma equipe de pesquisa com um relacionamento permanente.

Ao igual que toda metodologia de pesquisa, as diversas tendências ideológicas do pesquisador ou do grupo, influenciarão a escolha do marco teórico, a interpretação dos resultados e as conclusões do trabalho.

Consideremos a idéia de Bob Dick (1997). Feche os olhos e imagine a seguinte situação:

Você tem alguma experiência em pesquisa, formado em ciências sociais e/ou humanas. Foi contratado como consultor por uma associação de moradores da sua cidade, dentro de um programa que procura mudanças num determinado bairro. Desconhecem-se os problemas, portanto, é necessária uma quantidade de diagnóstico inicial. Sabe que o conhecimento sobre a situação da associação surgirá no transcurso da pesquisa. O tempo é limitado. Portanto, precisa de metodologias eficientes. Além disso, o grupo de associados espera participar do programa.

Você deseja que o programa seja adequado e que tenha um bom resultado. Portanto, deve procurar que os membros do grupo compreendam o que estão fazendo. Também, espera melhorar a sua compreensão das pessoas, sistemas e mudanças. Em outras palavras, quer combinar pesquisa com a consultoria.

Na sua graduação estudou uma ou outra disciplina de pesquisa social, e já formado participou em alguns projetos. Aprendeu a importância do empirismo, problemas bem definidos, variáveis conhecidas e controladas, instrumentos estruturados, técnicas estatísticas de análise de dados claramente estabelecidas,etc. No entanto, tem constatado as dificuldades práticas de aplicar as metodologias e técnicas aprendidas.

Neste caso, não conhece o suficiente da situação, de tal maneira que não pode formular uma pergunta específica de pesquisa, não conhece o número de variáveis a incluir, não pode padronizar o processo de pesquisa, e o grupo deseja participar do processo.

O quê fazer ?

Muitos “pesquisadores” diriam que não tem possibilidade de fazer pesquisa, pois não existem as condições metodológicas exigidas para um trabalho “confiável” e “científico”.


Existe uma alternativa : usar a pesquisa-ação.

Para alguns pesquisadores que utilizam métodos e metodologias convencionais, a pesquisa ação é pobre. Mas, aplicam critérios que são adequados para o seu estilo de pesquisar: quantificação, controle, objetividade,etc.

Existem situações reais em que a pesquisa-ação pode lidar com determinadas dificuldades bem melhor que outras formas de pesquisa “mais tradicionais”. O rigor, validade e confiabilidade são resultado da discussão e reflexão crítica com os participantes do grupo. Não é fácil, mas vale a pena. O método científico evoluiu, entre trancos e barrancos para chegar a sua fase atual. A pesquisa-ação é recente, está evoluindo.

Objetivos da pesquisa-ação.

Seguindo as idéias de diversos autores (Kemmis e McTaggart, 1982; Dick, 1997 e 1998; Arellano, (s.d); O´Brien, 1998), a pesquisa-ação procura a mudança, mas, uma mudança para melhorar. Assim, os seus principais objetivos são:

1. Melhorar:

- a prática dos participantes;

- a sua compreensão dessa prática; e

- a situação onde se produz a prática.

2. Envolver:

- assegurar a participação dos integrantes do processo.

- assegurar a organização democrática da ação.

- propiciar compromisso dos participantes com a mudança.

AS MÁSCARAS DA CIÊNCIA E A DIFICULDADE DA DEFINIÇÃO DA PESQUISA




De acordo com Japiassu (1977), fica visível um dos pontos mais controverso sobre a "neutralidadeda" na ciência.

"A significação aparente da ciência encontra-se nas intenções subjetivas dos próprios cientistas, cuja preocupação fundamental seria a busca do conhecimento, e nas intenções dos que elaboram a política científica, tendo em vista o aumento da produção de bens como decorrência da produção de conhecimentos. O cientista, no mundo atual, saiu da ficção neutralista e com ele a ciência. Por isso estamos diante de dois mitos da ciência: o mito da ciência-gue-conduz-necessariamente-ao-progresso e o da ciência-pura-e-imaculada. Segundo o primeiro a ciência se expõe a ser julgada pelo valor social de seus resultados e de acordo com o segundo a ciência é seu próprio fim, não tendo que prestar contas a nenhuma instância exterior. Se há crise na ciência é porque os cientistas se interrogam sobre a significação e função reais, na sociedade, de seus trabalhos."

Neste contexto, podemos analisar o que então se faz no meio social através da Pesquisa-Ação, seria uma das formas de atuar de forma científica e consciente dos resultados da ciência?
(seria uma hipótese?)

De viés com a neutralidade na pesquisa cientifíca, vai a minha intenção ao buscar através do conhecimento e da partilha, utilizar das formas e técnicas na áreá da gestão de projetos a utiliação de uma(s) metodologia(s) que venha(m) ao encontro dos anseios das entidades culturais e sociais no apóio ao desenvolvimento dessas organizações (Grupos Carnavalescos, Escolas de Samba e Quadrilhas) que trabalham com projetos voltados para a comunidade onde estão inseridas.

Assim, a busca por uma metodologia ou um(s)metódo(s) que possa ser conduzido com a inserção do pesquisador, valendo-se da convivência e dos conhecimentos já adquiridos com outras linhas de estudos e pesquisa no intuito de desenvolver as atividades culturais e socias em determinada região seja passível de uma pesquisa cintífica - Pesquisa-Ação - então vejo nesse caminho uma luz para o desenvolvimento da pesquisa proposta.

Ainda, de acordo com Japiassu(1977) e seu trabalho só justifica o estatuto privilegiado que lhe
reconhecemos, mas ele não pode permanecer estranhos à "sociedade do espetáculo". Na verdade, saiu da ficção neutralista. E, com ele, a ciência. Por isso, estamos diante de dois mitos ou de duas ilusões (máscaras) que precisam ser superadas. Trata-se da dupla ilusão da neutralidade objetiva, que dispensaria os cientistas, em nome de sua atividade racionalista, de tomar parte nos conflitos e nas incertezas da cidade política (exceto de tomar parte na defesa da nação em perigo, e este é o caminho de todas as hipocrisias neutralistas), e do magistério ético que reconheceria aos cientistas o direito que eles possuiriam de dizer o que é bom, porque conhecem o que é verdadeiro (o que degenera, ipso facto, em "política cientificizada"). Ora, não há nenhum carisma político no patrimônio da comunidade científica. Por isso, não pode reivindicar o direito de governar a sociedade.

Então, como pesquisador não pode (não tem o poder) gorvernvar essa comunidade, através da Pesquisa-Ação (PA) poderá auxiliar e colaborar com o desenvolvimento através da sua participação (inserção) e interação com objeto da pesquisa, sendo essa uma das afirmações de diversos autores sobre a PA no contexto social das ciências sociais aplicadas (LEWIN, 1965; FREIRE,1972; THIOLLENT, 1998; BARBIER 2002), nesta linha Tripp (2005) nos apresenta uma explicação do desenvolvimento da PA.

É difícil de definir a pesquisa-ação por duas razões interligadas: primeiro, é um processo tão natural que se apresenta, sob muitos aspectos, diferentes; e segundo, ela se desenvolveu de maneira diferente para diferentes aplicações. Quase imediatamente depois de Lewin haver cunhado o termo na literatura, a pesquisa-ação foi considerada um termo geral para quatro processos diferentes: pesquisa-diagnóstico, pesquisa participante, pesquisa empírica e pesquisa experimental (Chein; Cook; Harding, 1948). Pelo final do século XX, Deshler e Ewart (1995) conseguiram identificar seis principais tipos de pesquisa-ação desenvolvidos em diferentes campos de aplicação.

No final da década de 1940 e início da década de 1950, utilizava-se em administração (Collier), desenvolvimento comunitário (Lewin, 1946), mudança organizacional (Lippitt, Watson; Westley, 1958) e ensino (Corey, 1949, 1953).

Na década de 1970, incorpora-se (com finalidades de) mudança política, conscientização e outorga de poder [empowerment] (Freire, 1972, 1982), pouco depois, em desenvolvimento na- cional na agricultura (Fals-Borda, 1985, 1991) e, mais recentemente, em negócios bancários, saúde e geração de tecnologia, via Banco Mundial e outros (Hart; Bond, 1997).


Então, neste contexto, me vejo com uma problemática da pesquisa - "PESQUISA-AÇÃO: A formação do conhecimento e geração de idéias na elaboração, execução, armazenamento, recuperação e acesso a informação para o desenvolvimento de projetos culturais autossuestentaveis nos níveis estratégicos, tático e operacional." - Seria então uma pesquisa ciêntifica ou não no contexto da Ciência da informação?