terça-feira, 6 de abril de 2010

Objetivos da Pesquisa-Ação para a ciência e pesquisador




De acordo com um artigo de Roberto Jarry Richardson "COMO FAZER PESQUISA-AÇÃO?", podemos demonstrar os objetivos da pesquisa-ação a nível de pesquisa científica e de inserção do pesquisador na comunidade ou no objeto da pesquisa conforme descrito abaixo:

Para Kemmis e McTaggart(1988), fazer pesquisa-ação significa planejar, observar, agir e refletir de maneira mais consciente, mais sistemática e mais rigorosa o que fazemos na nossa experiência diária.

Em geral, duas idéias definem um bom trabalho de pesquisa:

- que se possa reivindicar que a metodologia utilizada esta adequada à situação, e

- que se possa garantir de certa forma um acréscimo no conhecimento que existe sobre o assunto tratado.

Isso pode ser um bom ponto de partida para uma pesquisa-ação.

Tal como o nome implica, a pesquisa-ação visa produzir mudanças (ação) e compreensão (pesquisa). A consideração dessas duas dimensões, mudanças e compreensão, podem dar uma importante contribuição na elaboração do projeto de pesquisa. Assim, as possibilidades de uso são muito grandes, desde um professor em uma pequena escola numa região afastada dos centros urbanos, até um estudo sofisticado de mudança organizacional com uma grande equipe de pesquisadores financiado por importantes organizações. Cohen e Manion (1990), apontam três possibilidades: o professor individual que trabalha em uma sala de aula para produzir determinadas mudanças ou melhorias no processo de ensino-aprendizagem; a pesquisa feita por um grupo que trabalha solidariamente, assessorados ou não por um pesquisador externo e, em último lugar, um professor ou professores que trabalham com um pesquisador ou uma equipe de pesquisa com um relacionamento permanente.

Ao igual que toda metodologia de pesquisa, as diversas tendências ideológicas do pesquisador ou do grupo, influenciarão a escolha do marco teórico, a interpretação dos resultados e as conclusões do trabalho.

Consideremos a idéia de Bob Dick (1997). Feche os olhos e imagine a seguinte situação:

Você tem alguma experiência em pesquisa, formado em ciências sociais e/ou humanas. Foi contratado como consultor por uma associação de moradores da sua cidade, dentro de um programa que procura mudanças num determinado bairro. Desconhecem-se os problemas, portanto, é necessária uma quantidade de diagnóstico inicial. Sabe que o conhecimento sobre a situação da associação surgirá no transcurso da pesquisa. O tempo é limitado. Portanto, precisa de metodologias eficientes. Além disso, o grupo de associados espera participar do programa.

Você deseja que o programa seja adequado e que tenha um bom resultado. Portanto, deve procurar que os membros do grupo compreendam o que estão fazendo. Também, espera melhorar a sua compreensão das pessoas, sistemas e mudanças. Em outras palavras, quer combinar pesquisa com a consultoria.

Na sua graduação estudou uma ou outra disciplina de pesquisa social, e já formado participou em alguns projetos. Aprendeu a importância do empirismo, problemas bem definidos, variáveis conhecidas e controladas, instrumentos estruturados, técnicas estatísticas de análise de dados claramente estabelecidas,etc. No entanto, tem constatado as dificuldades práticas de aplicar as metodologias e técnicas aprendidas.

Neste caso, não conhece o suficiente da situação, de tal maneira que não pode formular uma pergunta específica de pesquisa, não conhece o número de variáveis a incluir, não pode padronizar o processo de pesquisa, e o grupo deseja participar do processo.

O quê fazer ?

Muitos “pesquisadores” diriam que não tem possibilidade de fazer pesquisa, pois não existem as condições metodológicas exigidas para um trabalho “confiável” e “científico”.


Existe uma alternativa : usar a pesquisa-ação.

Para alguns pesquisadores que utilizam métodos e metodologias convencionais, a pesquisa ação é pobre. Mas, aplicam critérios que são adequados para o seu estilo de pesquisar: quantificação, controle, objetividade,etc.

Existem situações reais em que a pesquisa-ação pode lidar com determinadas dificuldades bem melhor que outras formas de pesquisa “mais tradicionais”. O rigor, validade e confiabilidade são resultado da discussão e reflexão crítica com os participantes do grupo. Não é fácil, mas vale a pena. O método científico evoluiu, entre trancos e barrancos para chegar a sua fase atual. A pesquisa-ação é recente, está evoluindo.

Objetivos da pesquisa-ação.

Seguindo as idéias de diversos autores (Kemmis e McTaggart, 1982; Dick, 1997 e 1998; Arellano, (s.d); O´Brien, 1998), a pesquisa-ação procura a mudança, mas, uma mudança para melhorar. Assim, os seus principais objetivos são:

1. Melhorar:

- a prática dos participantes;

- a sua compreensão dessa prática; e

- a situação onde se produz a prática.

2. Envolver:

- assegurar a participação dos integrantes do processo.

- assegurar a organização democrática da ação.

- propiciar compromisso dos participantes com a mudança.

Um comentário:

  1. Olá Professor, alem de eu ser uma nova seguidora e admiradora de seu trabalho, quero aqui tambem poder escrever algo que possa contribuir com seu trabalho...
    Com ja dizia Miguel de Cervantes, “Quem perde os seus bens, perde muito; quem perde um amigo, perde mais; mas quem perde a coragem, perde tudo”. Acredito que pra se ter competencia e liderança antes de mais nada precisamos coragem, lembrando que o corajoso não é aquele que não tem medo,é aquele que, mesmo diante do medo e da insegurança, segue adiante e redobra suas forças interiores para alcançar seus objetivos, saindo da zona de conforto.
    O resultado da competencia deve refletir tambem as mudanças ocorridas na capacidade do individuo como resultado do treinamento ou da experiencia, eu entendo que a finalidade de competencia seja embasar-se à construção de alguns testes capazes de prever um desempenho futuro.

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