quinta-feira, 29 de julho de 2010

Seminário: Problematização da Ciência com Popper, Kun e Tomanik

Olá pessoal!
Estejam todos convidados a assitirem e participarem do seminário da disciplina de Metodologia Científica com o tema "a problematização da ciência" com Popper, Kuhn e Tomanik cap. 3. No Auditório da FCI-UNB das 14:15h. as 17:42h de 29/07/2010.


Grupo de Trabalho

Leonardo

Ronald

Luiz

A Problematização da ciência com

Popper, Kuhn e Tomanik cap. 3


Roteiro de Apresentação

Abertura:

Contextualização dos autores

A Problematização da Ciência com Popper, Khun e Tomanik

Utilização de vídeos:

1º Contextualização sobre Objetividade da ciência e o cientista;

2º contextualização do Empirismo na prática;

3º Criação de uma teoria e sua verificação com instrumentos;

4º Filosofia moderna, a ciência como domínio da natureza e do ser humano.


Entrevista com Tomanik




A Ciência e o Cientista e seus problemas vistos por Popper, Kuhn e Tomanik.







POPPER, Karl Raimond


De acordo com Popper, a ciência é uma construção racional exatamente por ser histórica. Sua construção se dá com base no enfrentamento, pelo homem, de problemas que lhe surgem ao longo da vida, sendo, portanto, irrecusável sua estreita vinculação com a realidade externa e com os fenômenos culturais de cada época (SCHMDIT, 2007). Ainda, diz que o trabalho do cientista consiste em elaborar teorias e pô-las à prova (POPPER, 2009, p. 31). Desta forma Popper, considera que os cientistas, são solucionadores de problema; toda investigação científica parte de problemas, este é o caminho inicial para o desenvolvimento da ciência.

Na visão de Popper, não existe observação pura, pois todas as observações são sempre realizadas à luz de pressupostos e de teorias prévias que o cientista traz consigo (RODRIGUES, 2010) e que a ciência, não pode ser alinhada pelo indutivismo empiricista e sim pela dedução lógica. Pois, a indução não pode levar à certeza e sim a um ciclo constante de incertezas (SCHMDIT, 2007).

Para Popper, a ciência é feita através de uma permanente construção de hipóteses e de seu cotejamento com a realidade. Sendo que as teorias, científicas são enunciados universais. Como todas as representações linguísticas, são sistemas de signos ou símbolos (POPPER, 2009, p. 61). E que essas teorias são redes, lançadas para capturar aquilo que denominados “o mundo”, para racionalizá-lo, explicá-lo, dominá-lo. Nossos esforços, são no sentido de tornar as malhas da rede cada vez mais estreitas. Pois, “o conhecimento humano consiste em teorias, hipóteses e conjecturas que nós formulamos como produto de nossas atividades intelectuais” (POPPER, 2009, p. 61-62). Conjectura – ato ou efeito de inferir ou deduzir que algo é provável, com base em presunções, evidências incompletas, pressentimentos; conjetura, hipótese, presunção, suposição (HOUAISS, 2010).

Ele, ainda concebe a ciência como uma sucessão de pensamentos, frutos da imaginação criadora do homem, que historicamente se aproxima cada vez mais da verdade (ao mesmo tempo que, num certo grau, transforma essa mesma verdade), ao transformar o mundo que nos cerca, parecendo afasta-la para uma fronteira cada dia mais distante, sempre capaz de uma explicação cada vez mais abrangente dos fenômenos observáveis, movida sempre pela crítica de nossos erros e pela refutação sucessiva das teorias, uma após a outra, refutações estas que colocarão novos problemas a serem enfrentados, novas perguntas a serem respondidas.

Contudo, Popper afirma que o progresso científico demonstrou consistir, não em acumulação de observações, mas em superação de teorias menos satisfatórias e sua substituição por teorias melhores, ou seja, por teorias de maior conteúdo. Além de contestar a indução, sustentou que toda e qualquer teoria científica assenta-se sobre uma série de pressupostos metafísicos que, mesmo não sendo refutáveis, podem ser discutidos criticamente, o que significa que são inteligíveis e, portanto, possuem significados. Por isso, pode ser levada a justificação ou falseamento (POPPER, 2009). Falseamento - é o que ocorre quando uma teoria é tida como falha. Falseamento é antônimo de prova, é retirado, em especial, da lógica e da matemática formais. Ainda, afirma que “a ciência é crítica e falível”. Pois o falseamento popperiano, é o resultado de uma “demarcação” entre o que ainda é aceito como correto cientificamente e o que já não possui este mesmo crédito a metafísica (HOUAISS, 2010). Metafísica – no aristotelismo, subdivisão fundamental da filosofia, caracterizada pela investigação das realidades que transcendem a experiência sensível, capaz de fornecer um fundamento a todas as ciências particulares, por meio da reflexão a respeito da natureza primacial do ser; filosofia primeira. No kantismo, estudo das formas ou leis constitutivas da razão, fundamento de toda especulação a respeito de realidades suprassensíveis (a totalidade cósmica, Deus ou a alma humana), e fonte de princípios gerais para o conhecimento empírico. Empirismo - doutrina segundo a qual todo conhecimento provém unicamente da experiência, limitando-se ao que pode ser captado do mundo externo, pelos sentidos, ou do mundo subjetivo, pela introspecção, sendo descartadas as verdades reveladas e transcendentes do misticismo, ou apriorísticas e inatas do racionalismo, atitude de quem se atém a conhecimentos práticos (HOUAISS, 2010). Nessa definição de impirismo, podemos observar que não é a mesma utilizada dentro das ciências, pelos cientistas, pois dizem que o empirismo são estudos sob o uso coordenado de métodos e técnicas de forma prática na execução das pesquisas para os problemas que enfrentam.

Porém, Popper questiona que determinado sistema científico é válido até o momento em que é refutado, mostrando-se sua falsidade. Desta forma, relata que a invenção de uma nova teoria ou de um novo sistema científico pressupõe que, em qualquer hipótese, para sua validade, devam ser submetidos à prova em um processo de "reconstrução racional". "Ora, eu sustento que as teorias científicas nunca são inteiramente justificáveis ou verificáveis, mas que, não obstante, são suscetíveis de se verem submetidas à prova." (POPPER, 2009). Assim. Podemos perceber que a objetividade dos enunciados científicos reside na condição deles poderem ser submetidos a teste.

Este processo de construção de uma nova teoria ou sistema científico inicia-se com uma comparação lógica entre as conclusões obtidas pela teoria construída, buscando uma coerência interna do sistema.

O segundo momento da prova é da investigação lógica da teoria para verificar se ela apresenta o caráter de uma teoria empírica ou científica.

O terceiro momento é o do confronto com outras teorias, com o objetivo de determinar se a teoria construída representa um avanço de ordem científica. Finalmente, "há a comprovação da teoria por meio de aplicações empíricas das conclusões que dela se possam deduzir."





KUHN, Tomas S.


Para Kuhn¹, a ciência, esta alinhada ao indutivismo empiricista, pois, sempre haverá interferência ou inferência por parte do cientista na pesquisa. A reflexão de Kuhn sobre a natureza da atividade científica articula-se em três conceitos fundamentais: os conceitos de "paradigma", "ciência normal" e "ciência revolucionária".

Às diversas formas de ver o mundo, Kuhn chamou paradigmas.

O conceito de paradigma tornou-se muito popular a partir das propostas de Kuhn e hoje significa, mesmo na linguagem corrente, uma maneira de ver a realidade. Trata-se de um conceito particularmente importante para compreender, não apenas a ciência, mas a própria vida em sociedade. De fato, muitos dos conflitos que hoje em dia se geram resultam de choques entre pessoas que vêm a realidade de maneiras antagónicas. Este fato é tão mais importante quanto acontece que, quando se vê a realidade de uma determinada maneira se tende a ser incapaz de a ver de outra, possivelmente mais correta.


A figura seguinte ilustra este fenómeno sobre uma imagem.


Algumas pessoas acham que ela representa uma velha. Outras acham que representa uma jovem. Ambas têm razão. De facto, a mesma imagem representa as duas coisas. No entanto, quem vê nela uma das coisas, não consegue ver a outra. Quando estamos prisioneiros de um paradigma, dificilmente conseguimos aceitar outro paradigma que compita com ele. Só se fizermos um esforço grande para nos situarmos no outro paradigma é que, então, subitamente, passaremos a ver as coisas de uma forma completamente diferente.

Segundo Kuhn², uma ciência evolui por etapas que ora são de evolução normal, ora de rotura revolucionária, sendo as roturas revolucionárias que mais contribuem para o progresso dessa ciência. Uma ciência que evolui de forma contínua atravessa uma etapa do seu desenvolvimento em que se considera que constitui uma Ciência Normal. Durante esse período, o mundo ao qual essa ciência se aplica é visto por todos os seus praticantes segundo uma mesma perspectiva. Todos vêm o mundo da mesma maneira. O importante é ganharmos flexibilidade intelectual para sermos capazes de mudar de paradigma.

Assim, para ser aceito como um paradigma, uma teoria deve parecer melhor que suas competidoras, mas não precisa (e de fato isso nunca acontece) explicar todos os fatos com os quais pode ser confrontada (KUHN, 2009). O novo paradigma implica uma definição nova e mais rígida do campo de estudos. Aqueles que não desejam ou não são capazes de acomodar seu trabalho a ele têm que proceder isoladamente ou unir-se a algum grupo. Contudo, uma vez encontrado um primeiro paradigma com a qual conceber a natureza, já não se pode mais falar em pesquisa sem qualquer paradigma. Rejeitar um paradigma sem simultaneamente substituí-lo por outro é rejeitar a própria ciência (KUHN, 2009).

Kuhn (apud SCHMDIT , 2007) diz que os Cientistas, são solucionadores de enigmas, os grandes progressos da ciência não resultam de mecanismos de continuidade, mas sim de mecanismos de rotura. Pois, segundo Kuhn (2009), o cientista está circundado de charadas que precisa resolver e ele, não a teoria, está em dificuldade para encontrar uma solução para a charada. [...].Acreditamos que o cientista somente se interessa por algo a ser investigado cientificamente a partir do surgimento de um problema. O problema, para ele, é um enigma, uma charada ao seu engenho. A partir deste momento, ele estará diante de uma situação crítica, buscando uma solução plausível para a lacuna de conhecimento que se manifestou com o surgimento do problema. Ambos estarão em dificuldades, o cientista na sua busca e a teoria, uma vez que já não satisfaz plenamente os anseios da comunidade científica.

Kuhn (apud SCHMDIT, 2007) indaga se o falseamento popperiano não é uma refutação concludente. Para nós, a partir do estabelecimento dos critérios de refutação, uma teoria pode ser falseada ou corroborada. Se ela for falseada, certamente poderá ser de forma concludente, se não, virão novas situações que porão seus conteúdos a prova novamente. O falseamento é, sem dúvida, uma contenda entre a teoria e a observação.


__________
1 KHUN THomas, Noção de paradigma. http://filosofia.projectos.esffl.pt/T_Khun/Paradigmas_Khun.pdf. Acessado em15/07/2010 às 22h.
2 Op.cit.



TOMANIK, Eduardo Augusto


A visão empiricista das ciências



De acordo com Tomanik (2004, p. 57), “hoje devem ser muito poucos os cientistas que ainda acreditam na possibilidade de que um dia se possa atingir o conhecimento pleno da realidade e com isso dar por encerrada a tarefa da ciência, nas não são poucos os que postulam que esta tarefa consiste exclusivamente na descrição, classificação e descoberta de relações entre os fatos - ou seja entre acontecimentos naturais, concretos e mensuráveis. Este são os que estou denominando de empiricistas.

Porém, Tomanik (2004, p. 59) diz que ao optar pelo termo “empiricismo”, esclarece que ele englobe todas aquelas linhas de pensamento que se propõem a trabalhar com base exclusivamente nos fatos. De outro lado, optamos pelo uso do empiricismo ao invés do empirismo já que este último termo vem sendo usado para indicar o mero conjunto de experiências individuais, não intencionais e nem coordenadas. Ainda, diz que o empiricismo exige de quem pretende se dedicar aos estudos, um verdadeiro espírito científico. [...] Sendo que “o espírito científico, na prática, se traduz por uma mente crítica, objetiva e racional” (CERVIO E BERVIAN, 1976, apud TOMANIK, 2004, P. 59 - 60).

Segundo Tomanik (2004, P. 60), “a busca da objetividade é o ponto central na definição da ciência para o empiriscismo. Ainda, descreve que “a ciência é um conjunto de conhecimento que se dá através da utilização adequada de métodos rigorosos, capazes de controlar os fenômenos e fatos estudados”. Ainda afirma, que o método científico, dentro do empiricismo, é um conjunto de procedimentos, cada vez mais elaborado e rigoroso, que visa garantir que os conhecimentos obtidos possuam as necessárias condições de neutralidade, precisão e verificabilidade que lhes garantam a objetividade (TOMANIK, 2004, P. 64).

Para Tomanik (2004), os objetos de estudos científicos só podem ser fenômenos naturais, tendentes à repetição e acessíveis aos procedimentos experimentais. Há ai um processo de dependência entre o objeto e o método. Contudo, segundo God e Hatt (apud TOMANIK, 2004, P. 73):

1. O comportamento humano se modifica tanto de um período para outro que não permite previsões científicas exatas.

2. O comportamento humano é enganoso, sutil e complexo para permitir o uso das caracterizações rígidas e dos instrumentos artificiais da ciência.

3. O comportamento humano pode ser estudado somente por outros observadores humanos, e estes sempre distorcem fundamentalmente os fatos da observação, e, assim, não existem procedimentos objetivos para se alcançar a verdade.

4. Os seres humanos, assunto dessas previsões tem a habilidade deliberada de alterar qualquer previsão que fazemos.

Assim, estudar os processos humanos de maneira rigorosamente experimental não é apenas uma possibilidade colocada pelo empiricismo, é também uma necessidade para quem, como os empiristas, se propõe a construir uma ciência que tem como objetivo “[...] compreender o mundo empírico no qual o homem vive” (GOODE e HATT apud TOMANIK, 2004,p. 75).

Podemos observar, que Historicamente a pesquisa científica se interessou tanto pelo conhecimento em sí quanto pelo conhecimento avaliado pelo que pode contribuir para interesses práticos (SELLTIZ et all., 1974, apud TOMANIK, 2004, p. 75). Contudo, os objetivos de compreensão, previsão e controle estão presentes igualmente nas ciências sociais. Desta forma a ciência não apenas possibilitaria ao ser humano o domínio sobre a natureza, como poderia se constituir, e de fato se constitui, num instrumento de previsão e de controle sobre as ações dos próprios homens (TOMANIK, 2004, P. 75-76).




Conclusão


Ao fazer a leitura de Popper, podemos perceber que ele trata da visão e do trabalho do cientista como uno, ou seja, cada um trabalha dentro do seu ponto de vista, faz os seus testes e submete-os à apreciação de seus parares no qual defende a lógica dedutiva sendo totalmente contra ao impirismo. Contudo, nesta caminhada temos um cientista solitário no qual aguarda a refutação de seus resultados de pesquisa através da crítica e falseabilidade de seu trabalho, onde diz que a ciências progridem com a solução de problemas e geração de novas teorias. Porém, no trabalho de Kuhn ele trata da questão da ciência quanto o cientista a nível de comunidade, esta de cientistas, que estão engajados nos estudos de linhas bem parecidas. Ou seja, que já seguem uma corrente teórica pré-estabelecida no que ele considera de ciência madura ou revolucionaria. E que a evolução das ciências evoluem quando um conceito deixa de ser válido para um determinado tipo de problema no qual define como enigma. No entanto, em Tomanik, observa-se que há um alinhamento tanto com o pensamento de Popper quanto ao de Kuhn; onde apóia o empiricismo e faz um esclarecimento sobre essa visão empiricista na qual tem tanto os elementos de Popper na questão da verificação da validade ou não de uma teoria, mesmo abordando os princípios do indutivismo defendido por Kuhn.


Referências

HOUAISS. Dicionário Eletrônico. CD-ROM 2010.


KUHN, Thomas S. A ESTRUTURA DAS REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS. 9 ed. 1 reimp. São Paulo: Persectiva, 2009.


NEVES, Francisco Ramos.1 KARL POPPER e THOMAS KUHN: reflexões acerca da epistemologia contemporânea I. R. FARN Natal. v.2, n.l. p. 142-148 .jul./dez. 2002.


Noção de Paradigma. Thomas Kuhn. http://filosofia.projectos.esffl.pt/T_Khun/Paradigmas_Khun.pdf. Acessado em15/07/2010 às 22h.


POPPER, Karl Raimond. A LÓGIC DA PESQUISA CIENTÍFICA. 14 ed. São Paulo: Cultrix, 2009.


RODRIGUES, Luís. A EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA: CONTINUIDADE OU RUPTURA? http://ocanto.webcindario.com/apoio/ciencia2.htm, acessado em 10/07/2010, as 22:10h.


SCHMDIT, Paulo; SANTOS, José Luiz. O PENSAMENTO EPISTEMOLÓGICO DE KARL POPPER. ConTexto, Porto Alegre, v. 7, n. 11, 1° semestre 2007.


TOMANIK, Eduardo Augusto. O OLHAR NO ESPELHO: “Conversas” sobre a pesquisa em Ciências Sociais. 2 ed. ver. Maringá: Eduem, 2004.




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